O aeroporto é o meu lugar.
Já não consigo mais me enganar fingindo esquecer se pro embarque se sobe ou se desce a lomba, sé é mais rápido pegar a perimetral ou a Assis Brasil às seis da tarde, se estaciono ou não estaciono na faixa amarela mais à frente das portas automáticas, qual delas é a mais perto da WebJet. Já é déjà vu o que eu vejo no caminho do carro até o embarque: carros mal-estacionados, vagas enormes, famílias olhando aviões, piso cinza, guardinha terceirizado, vira à esquerda, ar condicionado, loja de produtos gauchescos caríssimos, loja da TAM, olha o relógio, fila de embarque: TAM, GOL, WebJet, Ocean Air, Varig, Aerolíneas.
Tem tempo antes do embarque, né? Caminha mais. Loja sempre fechada da Aerolíneas, livraria iluminada, engraxates (que coisa mais horrível), gira pra esquerda, escada rolante. Pão de queijo a R$1,50 à esquerda, Big Pastel ou Cia. das Pizzas à direita ou Mc à frente? Neste andar também tem cinema. E TV. E um buffet a kilo na outra ponta, onde a maioria dos funcionários das cias. aéreas comem. Melhor fazer câmbio no primeiro andar, e não no BB daqui. Pelo menos hoje me espantei: o Big Pastel agora é Cenoura - dobro do preço, metade do tamanho. Too bad.
Desce, beijo, abraço, embarque. Mais uma vez alguém vai. E abana, abana, abana, até o abano ficar desgastado e ridículo, mas continua-se abanando, como se isso impedisse que a criatura desaparecesse portões adentro.
Ou então se vai pela rampa debaixo, em outro déjà vu: tela de letras vermelhas, atrasou de novo, olha o relógio, vai pro vidro, olha direto na escada que traz quem chega lá dos fingers. Chega, abana, abana, abana, até o abano desgastar, abana mais com aquele sorriso, como se o abano fosse pagar as malas que estão monotonamente girando na esteira. Sai, abraço, beijo, tranca o caminho, tira o carrinho da frente, olha as outras pessoas, agora sim, e aí? fez boa viagem?
Isso quando não sou eu quem embarca e desembarca.
Já estou pensando em fazer o minicurso de aeromoça. Botar sapato de dança de salão, gel, rede e batom vermelho, quem sabe me divertir. De repente falar pra Infraero fazer mais exposições artísticas no saguão. Tirar aqueles caras do "um brinde pra senhora!".
Ou sei lá, colocar um consultório psicológico ao lado do dentário ou do Espaço Multireligioso: "terapia de casal; síndrome da migração; depressão; abandono; aerofobia; ansiedade; tratamento da falta." E tentar transformar o sintoma em saudade, essa palavra tão bonita.
13 de março de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
6 comentários:
perdi o controle
meu blog não me obedece mais
lichada estarás também
aguardemos......
.
ali.se encontra a aérea moça!
nossa...que dor.Sai com as amigas e toma muita ceva, de preferência em um lugar que não seja o aeroporto, que a ceva é mais cara.
soprando versos ao breu
diz nada de nada
diz pra quem bravamente deu
muita mente muito corpo
mutuamente muito corpo
assim é bom ser aeroporto
já saí com as amigas - que coisa boa sóa as amigaaaaaaaaaaaaaasss guriiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaass assim, bem guria mesmo - e tomamos ceva. muita ceva. e vimos filmes de gays. e a-do-ra-mos.
adoro filmes gays...beeeem gaaaysssss
e jogamos futebol.. e eu caí..
mas agora tô de pé!
Postar um comentário