26 de novembro de 2008

e falando em 16 anos...

Essa história é mais antiga, e bastante trágica.
Trata-se também de um talentoso músico de 16 anos, desta vez de Porto Alegre, mas um guri muito mais triste e isolado.
Brilhante, inteligente, isso também, mas que se suicidou.
Depois disso, alguns respeitadíssimos músicos do mundo organizaram seu trabalho num CD.
Kassin + 2 fez um myspace pra ele, pelo que entendi.
Nesse link: http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=331016304
Dei uma olhada no myspace e as músicas são excelentes. A voz não parece mesmo dele.
Atenção para a segunda música.





Triste, afetante, mas ele mesmo deixa palavras lindas que não nos deixam ter "peninha", e sim acolher oq ue ele mesmo produziu e deixou:
"Eu acredito que a cadência ea harmonia certas no momento certo podem despertar qualquer sentimento, inclusive o da felicidade nos momentos mais sombrios’’




25 de novembro de 2008

tchubaruba




No início achei que era uma pirralha chatinha. Aí ela começou o tal romance com o Camelo, e eu deixei de respeitar ele. Dei um conferes no som dela, pra ver se eu tinha que passar a respeitá-la ou não.
Levei nos dedo. A guria que é fã de Bob Dylan sabe mesmo fazer música. Umas levadinhas gostosas com uns riffs de guitarra surpreendentes. Som envolvente e criativo, esse é o som que valorizo. E ela toca vários instrumentos, ainda por cima. Percebi que ela é a cara da minha irmã de 18 anos, quando tinha 16. Vozinha fininha, mas inteligente. Ousada quando canta e toca.
Não só passei a respeitar Mallu Magalhães, apesar de suas entrevistas infantilóides (ainda acho que é mais onda do que ingenuidade de verdade) como... meio que... me viciei. (Não contem pra ninguém.)


Ouvi o CD do Camelo, também, com calma, nesse mesmo dia.
Sigo tendo perdido o respeito por ele.






[Cadê o CD da Little Joy (Amarante + Fabrizio Moretti + Binki Shapiro)?]




17 de novembro de 2008

anagramas divers



uns eu ouvi, aí fui fazendo. um gênio me ajudou.



RIO DE JANEIRO
NOJEIRA DO REI

SÃO PAULO
O APLAUSO

ESPÍRITO SANTO
POETA SINISTRO

ANAGRAMA
AMA GRANA

CAMPARI
PRA CIMA


com porto alegre eu fiz tantos que resolvi arranjá-los em poeminhas:


PORTO ALEGRE:
GOLPE OR ARTE?
REPARTO GOLE
PRATO LEGERO

(GORLERO PATÊ:

REGALO PERTO)

...

GAROTO LEPRE
POLEGAR RETO
GOLERO PARTE
ERA GOL TORPE
Ó PRETO GERAL!


...

GELO PORRETA
PELEGO TORRA
GRATO POR ELE
RELEGO RAPTO





15 de novembro de 2008

a merda adubou




mas isso, esse gesto, essa força, é foda demais pra dar espaço ao ensimesmamento, à lamúria, ao congelamento, constrangimento, à falta, ao cocô-não-adubo.

não, não, o que se deu ali deu nos meus dedos, nos dedos de muitos e muitas, foi um golpe violento no ressentimento e na memória saudosa ou esperança ingênua por tempos melhores e fez de lembranças incômodas motor de ineditismos que irromperam nossas peles.

tal qual o Fuganti nos falou, é preciso que a gente deixe de ser piedoso e possa fazer de nossos mais fortes afetos, POR PIOR QUE ELES SEJAM, memória de futuro, COMBUSTÍVEL pra vida, pra afetos ativos e não reativos, pra criação, pra vida como obra de arte. Já não vi mais mané urubu, e só ouvi cantos de sabiás.

tive aliados, estranhos aliados mesclados a velhos amigos. a afirmação disso se fez tão inchada que foi como o ápice do evento, o orgasmo, o pico. uma ou outra coceira foi esquecida. a agonística era tão grande que historinhas eram fragmentos de uma vida gorda, uma vida espessa. vidas. locais em que vidas e suas fronteiras se tocavam, já não eram mais bordas, as bordas forram corrompidas. e existências urravam com voz de possível ali, se efetuando, bem na nossa frente, bem nos nossos colos.

ja não era alice com um outro, alice com o mestrado, alice com suas historinhas, mas alice com alice, alice com o mundo. A Lóri, personagem da Clarice, uma vez disse: Um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só.

eis que um prolongamento do mundo de repente é claramente eu, dobra, também matéria-prima desse mundo. não desse "mesmo mundo", porque ele não é o mesmo. ele é cada vez um, e não tenho medo de me saber uma das criadoras dele.

eu, meus caros, posso dizer:

hoje eu fui muito mais do que eu.

talvez hoje


eu tenha sido mundo.





9 de novembro de 2008

disfarce





Mil acrobacias a riscar os entres.

Inúmeras piruetas a furar os corpos.

Cores

Trapos

Tiros

Estrapos

Espaços

Cofres

Copes

Cópias

Tranças

Truques

Troços

Cantos

Cartas

Cantarços

Tarces

Tufos

Estardalhaços

Tudo suspenso em salto

E para quê?

Só para esconder aquele único

estático





8 de novembro de 2008

boa fase

vai bota ni mim...



mete sem medo
olha no olho...
olha pra frente


forte e preciso
com clara intenção


faz direitinho
tem receio não

vai que eu agüento
tende confiança:





lança que eu faço gol



vupt



a poeira baixou

o calor subiu
a palavra saiu
o bicho comeu
o vento bateu
a fruta caiu
a porta se abriu
o céu se expandiu
o mundo parou
o cabelo cresceu
a luz se apagou
o anel se quebrou
a roda rodou
o bonde passou


não tá mais aqui

(quem falou
?)



6 de novembro de 2008

nágua

Nunca havia derramado uma lágrima.
Uns acusavam-no de ser seco.
Umas lhe diziam sem coração.
Seu cachorro morrera: nada.
A mãe tivera câncer: nada.

A amada lhe abandonara: nada.

O amigo lhe traíra: nada.


Não achava estranho; pelo contrário, lhe era muito natural.
Não é que não ficasse triste; simplesmente não chorava porque não chorava.
E aquilo fazia todo sentido.



Esse dia, uma quarta-feira, amanheceu de um ensolarado rarefeito.

Fez xixi como sempre, tomou água como sempre, suou como se sua em um dia quente.

Ao meio-dia, um bafo úmido abancou-se na rua.
Teve dor de cabeça.
Um trivial dia de verão, o ar espessou-se.

Ao longo da tarde, gordas nuvens se armaram em um carrossel cinza.

O nariz entupiu.
À noitinha, chegou à frente de casa e ouviu a primeira trovoada.

Sentiu a pressão do ar em seu corpo e, estranhamente, a pressão de seu corpo na roupa.
Ao fechar a porta atrás de si, o céu desabou.




Quando chorou foi assim, no mais.

Chorou simplesmente porque choveu.





grau



Era tudo visto.
Havia pássaros nas mesmas árvores
Casas com suas mesmas portas
Gestos de um repertório familiar
Pingos nos mesmos Is.

E no entanto houve algo tilintante.

Um qualquer bater de asa ou outro que destoou
Alguma janela abandonada
Algo de quase bruto em um mínimo movimento
Gotas que não caíram
a engrossar letras e nuvens tremendas

Alguém nesse dia notou uma minúscula diferença em si.
Desesperou-se.


Mas nada disse.