15 de agosto de 2015

Sentiu urgência de poema.
Rédea solta, passo louco, um qualquer de traço indomado.
“Lava, combustão”, a voz no palco cuspia.
E a guitarra feroz entrou em erupção.
Quis arrebentar palavra com a desenvoltura daquela música.
Daquela musa que cantava.

Mas como, se a pele era rocha fria?
Desesperou-se por chama.
Chamar por algo.
Incendiar.
Chamou socorro:
Poema!
Pôr marca.
Manchar algo.
Dançar no escuro. (Like no one is watching.)
Queimar no inferno. (Só de raiva.)
Gozar consigo. (Just for the sake of it.)

Não conseguiu esperar. Fechou o olho e poemou ali mesmo, sem nenhum pudor de si.


Poemou por tanto e com tanta coisa, tão ébria de som e de escuro, que depois só lembrou desse tiquinho. 
Foda-se. Já é um começo.