31 de julho de 2009

ultraje às avessas



A tinta cinza que escorria no dia salpicou o chão.
Dali, azuis verdejaram, vermelhos cheiraram bem, rosas amaciaram bordôs.
Desenhou-se algo de muito outra vez.
A raridade do instante.
Bibelôs-momento.
Futuro denso de presente.
Leve, pois.
O simples compareceu.
Chove ainda, mas o cinza é mais branco.
Que siga corrompendo-se o peso, oras.







29 de julho de 2009

inspiração

ah os ventos do norte.
a pirar, a birutar a biruta.
tem os do morro também, esses que balançam os vidros frisados soprando da mata atlântica.
tem hora do dia - normalmente à noitinha - em que eles batem mais forte.
sopram brandos e gostosos como energia a inflar velas.
no barco seguimos...
mas há momentos em que sopram fortes demais.
incomodam, trepidam as janelas, as cortinas, irritam tal qual o minuano à Ana Terra.
espalham cinzas, somem com papéis, arrepiam a espinha, batem portas.
as portas...
batem estrondosamente a ponto de doer as costelas, o diafragma.
barcos viram.
tempestade.
o vento é vital e encantador.
mas há de se confiar nele.
do contrário, me leva janela afora.

19 de julho de 2009

16 de julho de 2009

Por definição...


um pouco a pedidos, um pouco por vaidade, afinal hoje eu mereço, vou me citar a mim mesma, o que equivale a repetir pra mais gente o que eu já disse em outro lugar. O que acho, penso, vivo:

Ser de esquerda não é menos que ser filiado a um partido. É mais: é uma ética de vida, é um modo de existir. Uma vez um filósofo de que gosto muito escreveu, quando perguntado "o que é ser de direita?": "É pensar primeiro em mim, depois nos outros, depois na cidade em que vivo, depois no país e só então no mundo".
"E ser de esquerda?"
"É pensar no mundo primeiro."

Ora bolas, um nós como primeira pessoa.

13 de julho de 2009

movimentos peristálticos do blog

de bacia vazia
falou o que não devia
a barriga roncou
devido à azia



(não os deixarei morrer de fome!)