30 de janeiro de 2008

Chove

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Rio de Janeiro está fazendo jus ao nome.
Daqui a pouco é o que teremos passando aqui pelas casas, neste encharcado mês.
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17 de janeiro de 2008

caretas





Viração


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Era uma vez um Uruguai mucho más guapo de lo que lo sabía yo...



Um acampamento se erguia...



E uma cidade se pôs.



Havia fogo e fumo de sobra,



E caminhos tantos para tantas praias.




Havia amigos e sorrisos,



Havia sol e chuva,



Havia uma luz singular,



Havia muitos azuis,



Havia sombra pra quem quisesse,



Havia ondas para quem quisesse, mesmo que não soubesse,




Havia Patrícia e música!



Até Anita Garibaldi apareceu por ali.



E emas também passavam para fazer umas visitas vez que outra.



Em uma noite ímpar, fez-se fogo para assar.



Aguardentes de muitos tipos e violões e vozes se puseram a brindar.



E a luz despretensiosa e azulada fez-se intensidade amarelada.



Feiticeiras fizeram dançar e despertaram alguma coisa no ar.




Pulsação. Daqui a pouco, tudo ia virar.



Viração! Um céu mucho más estrellado de lo que lo sabíamos nosotros.


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15 de janeiro de 2008

Nas mãos dela

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"Para ser aceite no mundo dos homens, a Camila esquarteja-se como eles sempre se esquartejaram, separa o corpo do coração e os sentimentos do pensamento, constrói categorias abstractas como diques capazes de suster a lava ardente da vida. Dois esforços igualmente patéticos de inutilidade. Dois tempos girando em falso, ensurdecendo a voz absoluta do caos através da ruidosa coscuvilhice da Razão, deusa contemporânea que encontra no poder do seu discurso a vingança do esquartejamento que a fez nascer."


Inês Pedrosa, em "Nas tuas mãos".
Escritora portuguesa genial, extremamente feminina e talentosa.




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13 de janeiro de 2008

pela pele pelada da pele

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Interrompi a leitura na frase “a escrita trata”. A autora falava de um certo poder da escrita sobre “marcas-ferida”, que produzem em nós um estado de despotencialização no agir – poder de tratamento. Forçada por essas marcas, invisto na tentativa de dar alguma forma ao que insiste em me desassossegar.
Lendo o texto, sentada em minha cama, o sol quente de fim de tarde dourando o quarto, observo meus pés. Eles estão descascando. A pele grossa e vincada adquirida em alguns dias de acampamento na praia é na verdade pouco firme e superficial. Sai sem qualquer dificuldade, sem qualquer dor. As impressões digitais espiraladas escamam sem nenhuma cerimônia. Mas então por que em alguns pontos da sola do pé o que se quebra é a pele mais profunda, em rachaduras que se transformam em cortes doloridos cor escarlate? De repente, ali estão eles, sem terem dado um único sinal de que surgiriam. Simplesmente sinto as dores graves, olho o pé e nada vejo, e depois de algumas horas ali mesmo aparecem as feridas.
Literalmente uma troca de pele, penso. Algo sem autor, fruto do contato intenso com o solo. Mas não qualquer solo. Um solo que ao mesmo tempo fortalece e enfraquece o corpo. Torna a pele espessa para ao mesmo tempo erodi-la. Um tanto paradoxal, alguém diria.
Solos do sul, estes que pisei e que têm me pisado. Revisitados em uma típica virada de ano, já que até a cobertura do corpo está a se reciclar. O sol que agora banha o quarto de luz tênue definitivamente não é o mesmo, cru e implacável, da primeira aurora do ano. E, no entanto, sei que é. Um só, mas capaz de nuances radicalmente diferentes. Como o solo, o contato da pele com ele pode ser tanto potencializador quanto destrutivo, mas é nesta época do ano que eles nos fazem descascar. A pele cresce, escurece, mas nos engana: não fez-se graúda para melhor nos proteger. Cai.
Contatos diretos com a bola de fogo e a terra, encontros que nos fazem mudar nossa superfície de forma a fazer emergir outra. Efeito criação de outro invólucro para nossas carnes. Não sem alguma dor.
E nós, que ficamos a crer que essas transformações tão intensas acontecem apenas no encontro com as pessoas. Nós, que fazemos referência primordial às relações humanas e suas misteriosas profundezas. Nós, que falamos de subjetividade entupidos da certeza de sua relevância sobre a natureza, como se dela não fizéssemos parte. Queremos sempre falar da complexidade do homem, da mulher, seus insidiosos caminhos e tramas; por isso o vento, o mar, o sol e a terra viram figuras coadjuvantes das quais nos utilizamos para melhor explicar e mais simplesmente visualizar essas nossas existências. Tsc. Subestimamos outros encontros.
Agora entendo. É tudo ao contrário. E muito simples!

Eis que, olhando meus pés, encontros com gente nao passam de metáforas.
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Tem mais samba


Depois da tinta sair e do codigo de barras prevalecer numa esquina por ai, eis que aparecem agora umas tartaruguinhas.
Alguns diriam: Mas que cousa! Qual o nome disso?
Eu diria que se pode chamar do que quiser.

Pra mim, iso eh arte-resistencia.
E da boa.



8 de janeiro de 2008

leque num ovo?

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- Adoro teu blog, Alice. Linkei no meu.
- Mentira, Marcelo, tu nunca visita. Mentira não... melhor: invenção. É mais charmoso.
- Não, é verdade! cada vez que eu leio, me impressiono!!!!
- Tá. Brigada. Mas não posto há milênios.
- Pois é. Que foi?
- Preguiça. Sei lá. Esqueço dele. Tenho que escrever nele, tenho que escrever...
- Tsc. Que nada. Blog é que nem um relacionamento. De vez em quando precisa dar um tempo. Blog é pra isso.
- Tá certo. Boa. Isso me alivia. Só por isso vou postar alguma coisa idiota amanhã ou depois.
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