14 de agosto de 2009

brincando

Alguns poetas gostam de brincar com palavras.
O queridinho do café com quindim, por exemplo: "Eles passarão, eu passarinho".
Ou o bigodudo pantaneiro:
"Há quem receite a palavra ao ponto de osso, de oco;
ao ponto de ninguém e de nuvem.
Sou mais a palavra com febre, decaída, fodida, na sarjeta.
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.

Amo arrastar algumas no caco de vidro, envergá-las pro chão, corrompê-las

Até que padeçam de mim e me sujem de branco."



Tava pensando que tem umas que dizem o que querem dizer antes de seu significado. Já com seu som.


Resssssssssssssentimento, por exemplo. Êita palavra que se arrasta pelo chão.

E rÍspido? Chego a sentir o arrepio da unha raspando o concreto.

Bagunça já faz mexer um rebolado africano.

Tem umas que é só em outro idioma que dá pra brincar.
Over and Over again. Over gira, já, sozinha, o barulho de rolamento no chão.

E a expressão com jeito de conto de fadas: "Me encanta despiertar despacio"
. Tem algo de princesa aí.



Caro leitor, solta o verbo...!











3 comentários:

Super disse...

o sussurro se sussurra sozinho. não tem nem como gritar "Sussurro!", não sai forte o som.

e cócegas? a palavra é a própria risada. Cosquinha é aquela na nuca que tu te encolhe toda pra dizer.

carilevi disse...

pum

alice disse...

hahahahaha!