4 de julho de 2012

Inspirações de partituras




Percebo-me num esforço descomunal para andar na linha adulta.
Talvez - que azar o da nossa geração! -, em nossos tempos, os pequenos fracassos e frustações não estão em extinção, mas sim nossa capacidade de lidar com eles.
Antes: nossa capacidade de admitir que eles estão espalhados por aí.
Ou à espreita.
Requer habilidade para digerí-los.
Antes: comê-los.
Quando foi mesmo que ficamos tão sérios?
Tão desconfiados?
Tão úteis?
Quando foi mesmo que a pasta de currículos ficou mais volumosa do que a de "espancamento de teclado"?
Como aconteceu de a poesia empoeirar por tanto tempo, esquecida (ou desprezada??) n´algum canto de mim?
Virou imperativo preencher vazios.
Não ter a paciência necessária com os versos da vida.
Dar espaços para seus rastejos.
E relampejos.
Errâncias no teclado dizem tudo: troco "perto" por "parto" e, em seguida, por "porto".
Alguma eu tem de renascer, alguma eu tem de chegar.
Mas como saber se é hora de chegar ou partir?
Começar ou parar?
Focar ou dissolver?
Descubro o desespero bem aí, no não saber.
Não concluo nada: desfecho.

Preciso caçar as delicadezas que me nutrem de abismos.
Andar nessa linha não é questão de equilíbrio.
É questão de vertigem.




2 comentários:

Marília disse...

Deixei uma réplica pro teu comentário nas partituras (partidas partituras...)

Tenho a sensação de que estamos num momento de aflições e divagações compartidas. Distantes pela geografia, tão íntimas aqui dentro.

E tuas palavras sacodem algumas poeiras por aqui.

Super disse...

ui, arrepiei!

(e não consegui dizer mais nada)