16 de junho de 2007

Pescaria IV

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O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.
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Italo Calvino - As Cidades invisíveis
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2 comentários:

Lucas Neves disse...

Ele pensava em todas essas coisas quando desejava uma cidade. Isidora, portanto, é a cidade de seus sonhos, com uma diferença: a cidade sonhada o possuía jovem; em Isidora, chega em idade avançada. Na praça, há o murinho dos velhos que vêem a juventude passar; ele está sentado ao lado deles. Os desejos agora são recordações. (CALVINO, 1990, p.12).

Andamos deixando algumas coisas passarem que são mais graves do que nossa juventude, creio. O duro será, quiças, saber que estavamos errados achando que estavamos certos.

cintilante disse...

tentar saber o que não é inferno:
nós mesmos.

o inferno são os outros.....
;)


(conseguiu ingresso?)